quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A chuva

Estava sentado admirado
Vendo a chuva passar
Confrontando meus pensamentos
Dias de tormento inverno a variar

Sentindo medo do passado
Escondendo em minha mente
Desejos delinquêntes
De uma vida vã

De repente uma vontade de viver
Esquecer de tudo mais
Que me impede de saber
Pois enfim descobri que nada
é aquilo que se vê

Sob um céu avermelhado
Depois de um dia nublado
A chuva vem para lavar
Corpo e alma desnudados
Corações acovardados
Que desistiram de viver!

domingo, 21 de agosto de 2011

Incondicional

Eu só queria entender
Como algo cresce assim
Sem malícia ou vaidade
Sem inicio meio e fim
E a hora de dormir
é sempre a mais difícil
é quase um sacrifício
Deitar pra esquecer
Pois quando fecho os olhos
Só me lembro de você
Estou incondicional a teu dispor
Nem precisa se arricar
Basta em um só momento
Suas batidas liberar
Que eu salto pela cidade
E corro na multidão
Tomo a tua ferramenta
E entrego meu coração
Mas se é tão difícil me amar
Só me queria do seu lado
E me deixa fazer parte
Do teu mundo bagunçado
E nos teus dias mais calmos
Te brindar com meu amor

                                Marcello Amate

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O que se é?!

Quem sou eu?
Eu sou um pedaço de você
Você é um pedaço de mim
Somos pedaços do universo
Grãos de areia submersos
a procura de um fim

O que se é?
Quando só se sabe
O que se pode ser
Quando ao nosso lado igual a você

Sou ninguem
Passando nos mesmos lugares
Em que você não vem
Correndo pelos trilhos
Que não passam trem
Tentando descobrir porque
Sou sem ninguém
e você não vem

O que se é?
Quando só se sabe
O que se pode ser
Quando ao nosso lado igual a você?
O que se é?
Quando não se sabe o que se pode ser
Quando ao nosso lado igual a você
Não vê, não vê, não crer.

Marcello Amate

sábado, 12 de março de 2011

Canção de Amor

Como eu queria compor uma canção de amor
Dessas que só falam de amor
Com tudo programado e bordões exagerados
Como um poeta enodoado e abandonado
Queria frases repetidas e as melodias já previstas
Tão simples como receitas de revistas
Que se encaixam tão perfeitas
Nos momentos de solidão
Quando surge uma bela exclamação:
"ela sabe falar de amor"!
E eu sou só um besta apaixonado
Sofrendo por quem nem sabe
O que significa sofrer por amor
Essa noite eu só queria
Fazer uma canção de amor acontecer
Caminhar pelos teus bosques
Me abrigar no teu refúgio
Comer da tua comida, brindar a nossa vida
Ainda que me sinta sem saber o que dizer
Como eu queria adormecer
e usar meu corpo pra te aquecer
Dedilhar a música da tua alma
Viajar por tuas estradas
Beber o vinho que jorra do teus lagos
e me embriagar na madrugada
Dançar a noite inteira ao som da tua balada
Uma sonata verdadeiramente inebriada
Somente com palavras despejadas e acordes planejados
Embalar nossa morada com meus versos de amor
Mas eu não sei fazer uma canção de amor
Então sigo minha sina
Talvez por nunca ter amado
ou por ter sido enganado
Pelas belas palavras de amor

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Amor Platônico

Meu amor onde estará você?
Na aurora dos novos tempos
Pra onde me levam os ventos?
Um dia a ei de encontrar

Meu amor, ingênuo amor
Imaculado e latente a tua espera
Meu corpo se auto-flagela
Na ânsia por teu calor

Amor, ingênuo amor
Tão puro, tão lindo
Traga-me de volta os anos da juventude
Em toda sua plenitude
Quando eu sonhava acordado
A tendo em meus braços

Amor tão puro
Que não ouso macular-lhe
Nem mesmo a memória
Uma breve estória
De um amor jamais correspondido

                                               Marcello amate

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NOITES EM CLARO

               
Sou fruto de toda expansão divina
Da consciência sagrada da noite
Sou forte, sou fraco
Por hora maldito, por hora sagrado

Sou eu quem abre tua carne
Como um lobo selvagem
E sou eu quem te leva ao cais
Depois de um longo dia de viagem

Nos dia que se passam
Só o amor tem espaço
Um amor contido e gritado
Mas, já não tão abençoado

Traçamos um caminho errado
Não nos levou ao esperado
Me perdi em seus beijos e amassos
Corpo e alma viciados

O tempo cessa para a solidão
Choro a ele para que ande
Mas, o seu mensageiro não dará senão
Uma hora de pura dor

E não importa o que eu faça
Essa abstinência não para
Tudo o que eu preciso agora
É de mais uma gole amargo
E de um sono bem embriagado
Pra sarar as noites em claro

Marcello Amate

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Taça de Sangue

Tomo um gole amargo
E em silêncio
A taça olha para mim

Miro tua imagem avermelhada
Seria tão mais fácil
Se eu pudesse beber você

O teu corpo misturado
Com teu sangue encorpado
Uma garrafa de sauvignon cabernet

E se o contrario acontecesse ?
Minhas angústias, minhas mágoas
Todas elas precipitadas
Em uma garrafa pra vender

Sem perceber me compraria
E logo me beberia
Numa ceia de natal

Molharia tua boca
Tiraria tua roupa
Um devaneio sem igual

Possuiria teus pensamentos
Te mostraria meus tormentos
Com meu sangue a jorrar
Molhando teu cabelo
E você a gargalhar
Mas nessa noite escura e fria
Ninguem vai te notar

Então teria minha vingança
Uma taça preciosa do meu sangue
Iria te embriagar

Marcello Amate